(ENEM DIGITAL - 2020) O gramtico tem uma percepo muito estrita da lngua. Ele se v como algum que tem de defender a lngua da mudana. O problema que eles, ao se esforarem para que as pessoas obedeam s normas da lngua, no viram que estavam dando um cala-boca no cidado brasileiro. Como se dissessem: Tem de falar e escrever de acordo com as regras. No fale errado!. E as pessoas, com medo de no conseguir, falam e escrevem pouco. O dono da lngua o falante, no o gramtico. Aprendemos com o falante a lngua como ele fala e procuramos saber por que est falando de um jeito ou de outro. Dizer que est falando errado no uma atitude cientfica, de descoberta. A lingustica substituiu o cala-boca ao prazer da descoberta cientfica. Foi s com a lingustica que se ampliou o olhar e se passou a considerar que qualquer assunto digno de estudo. Entrevista de Ataliba de Castilho. Pesquisa Fapesp, n. 259, set. 2017 (adaptado). Com base na tese defendida na concluso do texto, infere-se a inteno do autor de
(ENEM DIGITAL - 2020) DE MARIA, W. Campo relampejante, 1977. Disponvel em: www.ballardian.com. Acesso em: 12 jun. 2018. Na obra Campo relampejante (1977), o artista Walter de Maria coloca hastes de ferro em espaos regulares, em um campo de 1600 metros quadrados no Novo Mxico. O trabalho faz parte do movimento artstico Land Art, que trata da
(ENEM DIGITAL - 2020) A carroa sem cavalo Conta-se que, em noites frias de inverno, descia um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa noite, ouviam-se muitos barulhos estranhos. Os moradores da cidade de So Francisco, que a cidade mais antiga de Santa Catarina, eram acordados de madrugada com um barulho perturbador. Ao abrirem a janela de casa, os moradores assustavam-se com a cena: viam uma carroa andando sem cavalo e sem ningum puxando... Andava sozinha! Na carroa, havia objetos barulhentos, como panelas, bules, inclusive alguns objetos amarrados do lado de fora da carroa. O medo dominou a pequena cidade. Conta-se ainda que um carroceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. Nas noites de manifestao da assombrao, a carroa saa de um nevoeiro, assustava a populao e, depois de um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro. Disponvel em: www.gazetaonline.com.br. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado). Considerando-se que os diversos gneros que circulam na sociedade cumprem uma funo social especfica, esse texto tem por funo
(ENEM DIGITAL - 2020) Leia a posteridade, ptrio Rio, Em meus versos teu nome celebrado, Por que vejas uma hora despertado O sono vil do esquecimento frio: No vs nas tuas margens o sombrio, fresco assento de um lamo copado; No vs ninfa cantar, pastar o gado Na tarde clara do calmoso estio. Turvo banhando as plidas areias Nas pores do riqussimo tesouro O vasto campo da ambio recreias. Que de seus raios o planeta louro Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. COSTA, C. M. Obras poticas de Glauceste Satrnio. Disponvel em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 out. 2015. A concepo rcade de Cludio Manuel da Costa registra sinais de seu contexto histrico, refletidos no soneto por um eu lrico que
(ENEM DIGITAL - 2020) O universo infantil encanta por ser rico na diversidade de manifestaes corporais. Crianas brincam de pega-pega, esconde-esconde, me de rua e experienciam diversas possibilidades de movimento na busca de novas descobertas, que podem ocorrer por meio de elementos gmnicos, como a estrelinha, a cambalhota, a bananeira (nomes populares dados roda, ao rolamento e parada de mos). PIZANI, J.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Cotidiano escolar: a presena de elementos gmnicos nas brincadeiras infantis. Revista de Educao Fsica da UEM, n. 1, 2010. Os fundamentos gmnicos da roda e da parada de mos requerem, respectivamente, a aplicao dos elementos de
(ENEM DIGITAL - 2020) Seixas era homem honesto; mas ao atrito da secretaria e ao calor das salas, sua honestidade havia tomado essa tmpera flexvel da cera que se molda s fantasias da vaidade e aos reclamos da ambio. Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar um abuso de confiana; mas professava a moral fcil e cmoda, to cultivada atualmente em nossa sociedade. Segundo essa doutrina, tudo permitido em matria de amor; e o interesse prprio tem plena liberdade, desde que se transija com a lei e evite o escndalo. ALENCAR, J. Senhora. Disponvel em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015. A literatura romntica reproduziu valores sociais em sintonia com seu contexto de mudanas. No fragmento de Senhora, as concepes romnticas do narrador repercutem a
(ENEM DIGITAL - 2020) Disponvel em: www.comunicaquemuda.com.br. Acesso em: 9 dez. 2017. A fim de contribuir para a diminuio do nmero de acidentes de trnsito, essa campanha
(ENEM DIGITAL - 2020) Disponvel em: www.hospitalalbertorassi.org.br. Acesso em: 13 dez. 2017 (adaptado). Considerando-se os elementos constitutivos do texto, esse anncio visa resolver um problema relacionado ao()
(ENEM DIGITAL - 2020) Estudo da FGV mostra que robs infestam debate poltico no Brasil Um estudo divulgado pela Diretoria de Anlise de Polticas Pblicas da Fundao Getulio Vargas afirma que perfis automatizados em redes sociais j so usados em larga escala no debate poltico no Brasil e no para aprimor-lo. Segundo a pesquisa, esses robs se converteram em uma potencial ferramenta para a manipulao de debates nas redes sociais. Nas discusses polticas, os robs tm sido usados por todo o espectro partidrio no apenas para conquistar seguidores, mas tambm para conduzir ataques a opositores e forjar discusses artificiais. Eles manipulam debates, criam e disseminam notcias falsas e influenciam a opinio pblica, postando e replicando mensagens em larga escala. O estudo demonstra de forma clara o potencial danoso dessa prtica para a disputa poltica e o debate pblico, diz o diretor da FGV/DAPP, Marco Aurlio Ruediger. O estudo conclui que os robs buscam imitar o comportamento humano e se passar como tal, de maneira a interferir em debates espontneos e criar discusses forjadas. Com esse tipo de manipulao, os robs criam a falsa sensao de amplo apoio poltico a certa proposta, ideia ou figura pblica. Para a FGV, a participao ostensiva de robs no ambiente virtual tornou urgente a necessidade de identificar suas atividades e, consequentemente, diferenciar quais debates so legtimos e quais so forjados. GROSSMANN, L. O. Disponvel em: www.convergenciadigital.com.br. Acesso em: 25 ago. 2017. O texto descreve caractersticas de uma tecnologia de informao e comunicao contempornea, que tm se mostrado difceis de identificar por causa da utilizao de
(ENEM DIGITAL - 2020) Dias depois da morte de D. Mariquinha, Seu Lula, todo de luto, reuniu os negros no ptio da casa-grande e falou para eles. A voz no era mais aquela voz mansa de outros tempos. Agora Seu Lula era o dono de tudo. O feitor, o negro Deodato, recebera as suas instrues aos gritos. Seu Lula no queria vadiao naquele engenho. Agora, todas as tardes, os negros teriam que rezar as ave-marias. Negro no podia mais andar de reza para S. Cosme e S. Damio. Aquilo era feitiaria. [...] E o feitor Deodato, com a proteo do senhor, comeou a tratar a escravatura como um carrasco. O chicote cantava no lombo dos negros, sem piedade. Todos os dias chegavam negros chorando aos ps de D. Amlia, pedindo valia, proteo contra o chicote do Deodato. A fama da maldade do feitor espalhara-se pela vrzea. O senhor de engenho do Santa F tinha um escravo que matava negro na peia. [...] E o Santa F foi ficando assim o engenho sinistro da vrzea. RGO, J. L. Fogo morto. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1989. A condio dos trabalhadores escravizados do Santa F torna-se exponencialmente aflitiva aps a morte da senhora do engenho. Nessa passagem, o sofrimento a que se submetem intensificado pela reao
(ENEM DIGITAL - 2020) GUARNIERI, A. Suplemento Literrio de Minas Gerais, n. 1 338, set.-out. 2011. Ao correlacionar o trabalho humano ao da mquina, o autor vale-se da disposio visual do texto para
(ENEM DIGITAL - 2020) Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca daquele sapato. Uma tarde de amor em troca da prestao do carro do ano; um fim de semana em famlia em lugar daquele trabalho extra que est me matando e ainda por cima detesto. No sei se sou otimista demais, ou fora da realidade. Mas, medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranquila e mais divertida. Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que so: representam uma escolha de vida, uma postura interior. Nunca fui modelo de nada, graas a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armrios da alma e na bolsa tambm. Resistir a certas tentaes burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria. LUFT, L. Pensar transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2011. Nesse texto, h duas ocorrncias de dois-pontos. Na primeira, eles anunciam uma enumerao das negociaes que podemos fazer conosco. Na segunda, eles introduzem uma
(ENEM DIGITAL - 2020) Caso pluvioso A chuva me irritava. At que um dia descobri que maria que chovia. A chuva era maria. E cada pingo de maria ensopava o meu domingo. E meus ossos molhando, me deixava como terra que a chuva lavra e lava. E eu era todo barro, sem verdura... maria, chuvosssima criatura! Ela chovia em mim, em cada gesto, pensamento, desejo, sono, e o resto. Era chuva fininha e chuva grossa, Matinal e noturna, ativa... Nossa! ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1952 (fragmento). Considerando-se a explorao das palavras maria e chuvosssima no poema, conclui-se que tal recurso expressivo um(a)